sexta-feira
Era um destes cafés pequenos e encardidos.Havia uma fina camada de gordura cobrindo as mesas com tampo de fórmica.Além da sujeira, em minha mesa desprovida de luz, havia também livros e milhares de folhas de papel amassado, algumas com dizeres, outras com desenhos confusos e versos que não rimavam;todos encharcados pelo líquido escuro que acabara de escapar de minha xícara, quando minha dor transformou-se em raiva e fugiu através de minhas mãos que derrubaram a xícara e amassaram as folhas de papel, no mesmo instante em que meus olhos eram molhados por lágrimas finas, sem ao menos me importar com os olhares alheios.Tracei o bar ao me deparar com os olhos dela, mas antes mesmo de poder fitá-la, ela já se encontrava de pé, guardando o mesmo tipo de papéis amassados, pagando sua conta e passando pela porta, deixando que eu pudesse fitar seu rosto uma única vez, para que me perguntasse o que trazia, também, lágrimas a seus olhos.
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