quinta-feira
A luz é fraca, e o cômodo tem sujeira em excesso.Os azulejos que acobertam a parede desbotada são opacos e velhos.Meus pés pisam em um chão úmido e gélido, e a água escorre por meu cabelo desgrenhado e desce por meu corpo nu.Minhas mãos correm de meu pescoço até minha panturilha amaciando a pele molhada pela água gelada.Lava toda a minha sujeira exterior e também a interior.Ergue-se minha fronte e a água lava toda a vergonha acumulada em meu rosto.A água lava com facilidade meu lado exterior, enquanto meus dedos encontram o vazio em meu peito, que continua cheio de lixo urbano, como um balcão velho na sala de estar, que mesmo vazio vai acumulando poeira e mais poeira por falta de uso.Meus dedos tateiam o vazio para poder livra-lo da sujeira e tentam limpá-lo da melhor maneira possível, mesmo que ainda sobrem restos nas laterais e nas dobraduras.Quando sinto meu peito já vazio e limpo, procuro pelo puxador e cesso a água fria e pegajosa, enquanto ainda resta a água carregada de sujeira pingando de meu corpo e escorrida no chão.E meus olhos se fecham ao agarrar a toalha leve e secar aos poucos meu corpo solitário, e sentir a dor de pensar como seria bom algum dia ter meu peito preenchido com algo de verdade, e não a sujeira urbana que tanto me dá trabalho.
2 comentários:
Profundo e dramático, mas bonito, de qualquer forma.
qm é essa nyu opa me apresenta bj
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