terça-feira

O relógio de pulso marcava 17:00 horas em ponto.Me encontrava na frente de casa, percorrendo o caminho de pedras até a porta.Tinha que admitir que a casa era grande e luxuosa.Herdei-a de minha avó,como neta única,a idosa deixou-me a casa como herança,sabia eu que ela mantinha esperanças de que me casasse e que teria  uma vida feliz.
Passei pela porta e despi-me do casaco largando-o no sofá.Durante os dois anos em que vivi sozinha na casa, a mantive quase totalmente do mesmo aspecto,fiz uma ou outra mudança na colocação dos móveis e cobri a luminosidade dos cômodos com pesadas cortinas.Os únicos quartos bem iluminados eram a cozinha, meu quarto, e as grandes escadas, apoiadas na parede onde haviam pequenas janelas que faziam  brechas de luz.Nunca recebi muitas visitas,podia contar com os dedos o total de cada ano.E por receber tão poucas pessoas nunca limpei a casa,os resultados eram uma intensa camada de pó sobre todos os móveis, sujeira sobre o chão lustro e uma imagem de abandono.
Havia milhares de quartos, o que, para alguém casado, poderia render lugar de sobra para acomodar os filhos.Jamais pensaria em ter filhos, nunca quis dividir minha genética e minha falta de humor.Minha cama sempre esteve vazia, e ninguém jamais alimentou-se no palacete, talvez tomaram um café e serviram-se de algum biscoito.
Dediquei-me inteiramente aos livros, à escrita,às pesquisas,às tragadas,às bebidas.Deixei de viver por livre escolha.A casa abandonada, as roupas velhas e gastas,tudo deixava explicito o meu estado de espírito.Não havia nada nem ninguém para mim lá fora. Submersa em meus pensamentos, sobressaltei-me ao ouvir a campainha.


continua, talvez.

Um comentário:

nanni-chan disse...

Espero por um continuação,e saber quem toca a campainha.Adorei.

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