quarta-feira

 E então você tenta ser o mais forte possível. Até o ponto que você descobre que ser forte não é nem de longe o suficiente.

terça-feira

 Depois de tanto tempo, de esperas prolongadas, de dores desatinadas, de pedaços faltando, tentei deixar que essa enxurrada de pensamentos que vagueiam sem direções certas, deslizassem soltos e buscassem por esperança de tempos melhores. E cada batida leve de meu coração, trouxesse a certeza de que não haveriam problemas acreditar, que desta vez, doer já não faria diferença, machucado já estava, pouco mais pouco menos,  nada mudaria. Doeria, toda via.

 E levava as mãos ao encontro do peito.E lá sentia o coração palpitar como outro coração qualquer.Mas então quando fechava os olhos, e somente ouvia, era possível que escutasse os batimentos com atenção, diferente dos outros corações,perdidos e esconditos atrás de peitos estufados e cheios de alegria, este batia como um coro, como uma canção melancólica.Seu coração antes quebrado,havia sido unido novamente, na esperança de que voltasse a funcionar normalmente, sem rastros de sentimentos cruéis.Mas cada parte que fora quebrada, cada centelha que lhe fora despedaçada, todas batiam em compassos diferentes,como uma canção de melodia triste, transpassando uma dor evidente, como um pedido,um pedindo insano e apressado de ajuda.

quarta-feira

 Estou sentada em uma cadeira de ferro coberta por ferrugem,em um destes cafés,localizado em um travessa de sombras melancólicas.Em uma mesa também destas,onde há três cadeiras, e outras tantas rodeando as mesas vazias e também as ocupadas.Aos outros olhos eu pareço não ter companhia, mas aos meus,aaaaah aos meus olhos,são tantos os fantasmas e rostos distorcidos, de vozes roucas e de manias enlouquecedoras.Em cada canto do café,há um figura que sussurra,que canta belas cantigas,que suspira,que chora.E por um momento tento esquecer de todos eles,com nomes incomuns que eu mesma dei,eu fecho os olhos,tampo os ouvidos, e só sinto os cheiros que vagam de carona com o vento.O café sendo preparado,a chuva que cai lá fora,os perfumes baratos dos outros frequentadores do local,o cheiro de chances desperdiçadas,de sonho partido,de vida real.

sexta-feira

A chuva carrega para meu quarto uma conhecida sensação de vazio,onde tudo que escuto e vejo é o som da chuva e minha expressão descrente refletida no espelho.

quinta-feira

Fim

Mais um chuva torrencial desabou sob a pequena cidadezinha ao fim da tarde.Com a jaqueta sobre a cabeça,andei tranquila pelo rua, procurando por meu carro.O céu aos poucos perdia cor e trazia para as ruas uma escuridão melancólica.Ao alcance dos olhos avistei meu carro.Aproximei-me e com a chave abri a porta.Já sentada sobre os bancos de couro barato,acendi um cigarro e relembrei em partes meus poucos fatos e a falta deles.Senti então um tipo de má-nostalgia abrangendo partes de minhas idéias,causando uma sensação estranha de pré-despedida, de fim da linha.
Ainda submersa na camada de pensamentos,coloquei a chave na ignição e desloquei o carro.Seguindo pelas ruas calçadas e, no momento,molhadas.Ignorei sem perceber  a paisagem peculiar dos chalés um após o outro,e segui em frente com ânsia de chegar rapidamente em casa.Parei em um cruzamento quando o sinal ficou vermelho.Com as mãos no volante ainda pensava em minha falta de momentos e uma dor distante que pouco lembrava.E em um momento rápido demais para que meus olhos pudessem acompanhar,senti uma forte e dolorosa pressão no lado direito de meu corpo,algo prensava meu carro,um som,então, ensurdecedor e agudo chegou aos meus ouvidos.Dor.Senti então a luz de meus olhos fugir.E refletir no ar a imagem de minha morte.

quarta-feira

E suspirará, suspirará,relembrando e remoendo o que já passou, e como vai se arrepender por não ter ansiado viver.

sábado

Coração

 E me pergunto porque não se parte de uma vez.Porque agoniza tanto palpitando e sangrando,ao invés de quebrar sob um só golpe.

quinta-feira

Me pergunto onde anda aquele que deveria me ajudar quando meu peito se parte.Onde está aquele que dirá que tudo ficará certo,mesmo que não fique.Preciso de mentiras confortadoras,sorrisos falsos e abraços mal-dados.Qualquer um que possa me ceder a mão e dizer que me ajuda, que me tira desse poço,dessa fossa,desse buraco fundo em que a vida me enfiou.
E ainda vai me ver vagar pelas ruas solitárias e becos escuros.Tragando o cigarro,o rosto cansado, aparência doentia.

domingo

Encontrei seus olhos no meio da multidão.Meu coração nem ao menos sentiu, porque, não mais te amo.

quarta-feira

 E quando o sol se punha eu fechava as janelas, cerrava as cortinas,apaga as luzes e esperava que a escuridão chegasse.E quando eu menos esperava ele vinha, Alastair.Eu tentava me espremer por entre os cantos, caminhando e esbarrando nos móveis, enquanto as lágrimas sucumbiam impedindo que eu visse seu rosto.E quando me encontrava,encostava os lábios em meu ouvido ,pedindo que eu o perdoasse, perdoasse por ter me abandonado, por ter morrido.