terça-feira

But my dreams, they aren't as empty
As my conscience seems to be
I have hours, only lonely
My love is vengeance
That's never free

behind  blue eyes - limp bizkit
Meus olhos correndo pela avenida sinuosa de trânsito demorado, estão cansados.Estão buscando por algo ou alguém que tire sua atenção.Caem sobre alguém de silhueta magra, que caminha em passos curtos, de quase polegadas, tortos e desiguais.Está de costas para mim, seu cabelo negro, de certa forma, é conhecido.A silhueta vira à esquerda ,então percebo que está acompanhada.Vejo seu rosto sumir de lado, deixando meus olhos fixados no vazio de desconhecidos.Ela não havia me visto, não tem olhos rápidos como os meus.Estes mesmos desviam, olhando agora para o chão.Estou indo para a direção contrária, lembrando da admiração que por ela um dia senti.
Há vozes ecoando em meus ouvidos.Mas não vozes pavorosas.São vozes de outros, que eu escuto em meu gritante silêncio.Vozes que falam de algo longe, que neste momento não entendo, mas são coisas decifráveis, parecem estar sempre perturbando meu pensamento.

sexta-feira

Seus pés tocariam o verde opaco e suas narinas trariam a seu pulmão o ar puro.O doce cheiro de calmaria a agradaria como nenhum outro.O sol iluminaria sua pele cor branco marfim enquanto seus olhos ladrilhariam a frente de tamanha beleza.
Mas seu peito nada disso sentiria, continuaria insensível.Seu corpo reagiria, sim,mas seu peito povoado de alma fria e profunda continuaria vazio, um vazio crú e dolorido.

quarta-feira

O som de respiração a minha frente incomoda.Seus olhos me cuidando irritam.Suas mãos palidas de dedos longos tamborilhando na mesa me chateiam.Seu sorriso canalha mas tão acolhedor abrindo ao me ver lhe fitando me machuca.Sua outra mão soltando a minha para ageitar o cabelo, enlouquece.Sua presença acompanhando a minha, me traz culpa. Culpa porque sei que não lhe mereço,sei que logo te deixarei e largarei teu coração quebrado por ai, assim como fizeram ao meu.Sinto não poder fazer algo,mas deve saber que ficara melhor sozinho, mesmo de coração partido.
Fui dar uma olhada no lado de fora de minha casa ,uma tarde ensolarada de agosto.''Droga de tempo'' pensei, o sol não me agradava e nesses dias o mal-humor não era assim tão bem-vindo quanto antes.
Sentei nas cadeiras de ferro, um pouco velhas e quase sem a tinta branca que antes as cobria.A mesa e as cadeiras ficavam na sombra,por sorte.Puxei do bolso a carteira de cigarro e acendi um.Espichei meu corpo e coloquei os pés sobre a mesa.Droga, era inevitável nestes momentos que eu não pensasse nela.Era nestas horas que eu desligava meus pensamentos do resto,que eu parava de tentar me ocupar para não pensar em seu rosto, não pensar em seus gestos e olhares;passei todos os dias daqueles mêses tentando apagar tudo aquilo de minha mente.Mesmo que uma hora eu pararia de ler, pararia de escrever, pararia de falar e tentar aprender algo novo, na hora que eu parasse meus pensamentos correriam para a lembrança de seu rosto,como acontecia agora.Mas umas tantas vezes aquilo podia acontecer,de eu pensar demais em alguém que não fosse eu mesma, nas poucas que aconteceu, consegui esquecer sempre, de certa forma não havia dúvida de que o mesmo aconteceria com esta dali alguns dias.

terça-feira

É incrível como as pessoas sempre irão passar por mim, e nunca levarão nada com elas.Todas aquelas bobagens, de que todos deixam alguma marca, nunca funcionou comigo.Nunca deixei nada em ninguém,mas todos sempre deixam em mim,sempre queimam em mim cicatrizes, me marcam a ferro, e eu nunca as esqueço, eu continuo remoendo história,falas, olhares.Já eu, não lhes deixo nem lembrança, nunca deixo cicatriz,nunca deixo marca.Elas passam, e logo mais, de mim não lembram.É triste e dói pra mim, porque nunca trarei alguém comigo.E se trago, me dói conviver com alguém, porque eu os canso, e eles me cansam, então viver é ainda pior, porque logo não saberão quem sou,não saberam quantos anos tenho,não saberão onde morro, não saberam o dia de meu aniversário.E por deus, isso dói, dói, dói.

segunda-feira

Não espero e nem quero que você me encontre, fiquei tão íntima da solidão que pareço incapaz de me desfazer dela.Não me puxe deste buraco,porque se o fizer,sei que darei alguns passos junto de ti e logo cairei em outro, talvez um que eu mesma cavei.Não me tire deste estado de espírito, porque viver, pra mim, é deveras difícil.

sexta-feira

'' Temos que ter cuidado extra com as coisas que estão mais perto.
Sabe, quanto mais próximos ficamos de algo,fica mais difícil de vê-lo.''  
Peço por favor que algo aconteça, e alguém venha correndo me tirar deste lugar, deste maldito ponto de mapa que tanto me maltrata.Mas sei que ninguém virá,que ninguém se importa com meus olhos que nada mais veêm, com meu coração que nada mais sente, com meu corpo que não mais reaje.Ninguém virá, porque contos de fadas não existem, e mesmo se existissem, quem se importa com um protagonista?
Amizade é como café, uma vez frio nunca volta o sabor original, mesmo aquecido.

quarta-feira

 Acordei com lábios molhados de café sussurrando algo em meu ouvido.Não reconheci a tal voz.Abri meus olhos com curiosidade. Me deparei com alguém, que concerteza era várias cabeças maior do que eu.Tinha cabelos alaranjados, quase fluorescentes, tinha uma mão no bolso interno da calsa e a outra segurava uma xícara,assim como nos lábios,cheia de café.Não pude deixar de reparar em seus olhos claros.  - Trouxe seu café. - disse,tinha uma voz rouca e um tanto baixa.Ele apontava uma bandeja em cima de minha escrivaninha que continha café e alguns biscoitos.Ele se sentou ao pé de minha cama e abriu um sorriso.Pude agora ver um rosto conhecido, um rosto que povoava a maioria de meus sonhos.
Senti o burraco fundo em meu peito se encher de algo desconhecido.Meus olhos ardiam de apenas olhá-lo.Ele levantou e abriu a janela, deixando luz entrar.
Fechei os olhos e sacudi minha cabeça freneticamente.Tentando me livrar de alguma maneira da tamanha insanidade.Repeti os gestos por um tempo, fechando e reabrindo os olhos, até perceber que a janela não estava aberta, não havia bandeja em minha escrivaninha, não havia cheiro de café no ar, e o mais importante, a única presença em meu quarto, era a minha.

terça-feira

Perguntaram-me uma vez,quando havia adquirido o vício de fumar.Respodi-lhes que fora quando meu café havia me traído com um wisky doze anos, e que eu então precisava de um novo companheiro.
Dirigi pela estrada costeira até a casa decrépita em que passei meus verões por anos.
Como havia imaginado não havia presença alguma nas ruas, não que eu esperasse por alguém naquela época do ano.
O céu estava escuro, talvez mais tarde a chuva viria.
O cheiro de maresia invadiu minhas narinas no momento em que abri a porta do carro.Aprendi a odiar aquele cheiro.
A pequena casinha beira-mar continuava lá, era cercada por cercas-vivas. A casa já maltrada e sem cor ainda tinha a sombra de uma casa que um dia fora confortável.Passei pelo portão que rangia levemente e comecei a procurar por uma chave em minha bolsa,coloquei-a na fechadura e girei.
O cheiro de mofo da casa incomodou meu nariz.Encostei a porta, e dei uma longa olhada na sala.Tudo estava do mesmo jeito, o cinzeiro parecia não ter sido esvaziado,havia uma ou duas almofadas perto da poltrona, havia xícaras e copos na estante onde ficava a televisão.O tapete estava descolocado e um pouco enrolado.
Tudo do geito que ele gostava.
Sentei-me na poltrona.Logo meus pensamentos pararam.Ele havia repousado seu corpo ali.Coloquei as mãos na almofada, suas mãos podiam tê-las agarado antes.
Fechei os olhos calmamente.Queria poder sentir sua falta do modo que ele merecia, com grandes choros e gritos de agonia, e não saber que logo mais estaria indo embora, me esquecendo que um dia ele esteve em minha vida.
Ele merecia,mas eu não podia, eu não conseguia fazer melhor.
Abri os olhos e ouvi a chuva começar a cair do lado de fora.

continua talvez.
Um fio de luz transpassou sua janela, declarando que já era dia.Apoiava-se na parede fosca de canto proxima da janela.Tinha uma expressão caída, quase morta, mesmo que não estivesse. A morte concerteza não lhe traria o que desejava;acreditava ela que faria pior.Colocou as duas mãos sobre o rosto, o toque ainda existia,mas nada desse tipo nescessitava. Lhe faltava um pedaço seu.Nada corporal,era algo que ela jamais poderia tocar.Colocou a mão em seu coração, o orgão batia sem problemas, sangue, veias, musculo.Mas só isso? E o calor que antes ali havia? Parecia ter ido embora, embora para morar em outro lugar, um lugar onde o cuidariam melhor.
Ela sempre pensou que sua dor fosse o mais difícil para se lidar.Pensava que os gritos, e a agonia seriam seu encarte final.Mas quando a dor cessou sua estada naquele corpo de alma suja, maltratou a presença com sua saída mais do que sua permanência em tantos anos,de forma tão dolorosa , que o corpo parou de sentir,então a dor podia voltar, que nada causaria, nada ela sentiria,apenas o vazio incenssivel. E ela sabia, isso lhe era centenas mais agonizante que sua antiga dor.

sábado

Meu coração sempre esteve perdido, separado dos outros.Como um coração satélite, perdido no escuro,como se não fizese parte de nenhuma galáxia, proximo de nenhuma estrela, nenhum planeta, sozinho,no imenso vazio cor de breu.

sexta-feira

Dizem que o tempo tudo cura. Nunca foram ditas palavras tão falsas.Dor real, com o tempo se fortalese.A cada minuto, a cada dia, a dor se aprofunda, ela vai causando mais dano.Se o tempo fosse remédio, nenhum mal existiria.
Eu sonhei que estava sumindo,desaparecendo aos poucos,perdendo a fala, a audição e os movimentos.Quando acordei, acordei com esse medo, o que eu estaria deixando aqui quando morrer?Nada,pensei.Somente as minhas roupas velhas,a bagunça em meu quarto,minhas palavras reclamonas.Acho que nada mais.Talvez o cinzeiro cheio, a xícara vazia,as tantas fotos antigas penduradas,os livros velhos que ninguém gosta.Talvez isso tudo poderia ser dado a alguém como eu,alguém que não vive, que não reaje, mas guarda inumeras coisas que não servem pra nada.
Menos pela cicatriz deixada, uma ferida antiga mede-se mais exatamente pela dor que provocou, e para sempre perdeu-se no momento em que cessou de doer, embora lateje louca nos dias de chuva.

{Caio Fernando Abreu}

quinta-feira

Era manhã, mas o sol não brilhava;Era manhã mas não havia cheiro de orvalho;Era manhã mas o vento não chiava; Era manhã mas o céu não clareava;Não, nada disso, pelo menos não pra mim.
Sentei-me na mesa de apenas dois lugares, proxima a janela, do andar de cima.Pedi a garçonete uma xícara grande de café.
Olhei pela janela.O céu que antes estava nublado,agora deixava cair grossos pingos de chuva.
Sempre gostei de chuva, porque antigamente quando chovia, eu pensava que com ela,minha culpa e minha dor seriam levados embora; nunca coloquei muita fé, por que

acreditava que nada levaria este sentimento embora. Mas um dia, algo aconteceu e a chuva fez o que eu tanto queria, levou com ela tudo , minha dor, minha culpa,meus sentimentos e até minha consciência.E deixou o grande vazio que sou.Deixou-me vazia,totalmente entorpecida.
A garçonete chegou com meu café, tirando minha atenção de meus pensamentos, que logo mais eu não lembraria.

quarta-feira

Ela parecia jovem, mas sua alma era tão velha e seca como as páginas dos livros que ela lia tão desesperadamente.

terça-feira

Up with your turret
Aren't we just terrified?
Shale, screen your worry from what you won't ever find
Don't let it fool you
Don't let it fool you...down
Down's sitting round, folds in the gown
Sea and the rock below
Cocked to the undertow
Bones blood and teeth erode, with every crashing node
Wings wouldn't help you
Wings wouldn't help you...down
Down fills the ground, gravity's proud
You barely are blinking
Wagging your face around
When'd this just become a mortal home?
Won't, won't, won't, won't
Won't let you talk me
Won't let you talk me…down

Will pull it taut, nothing let out